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Diário de Tokala - Correndo com Lobos

  • Clarinha
  • 7 de mar. de 2018
  • 6 min de leitura

Mu’sha já estava no céu quando uma taurena de pelagem bem clara entrou na estalagem localizada no Vale da Sabedoria e cumprimentou alguém, mas logo em seguida saiu.


Diferentemente de Thuatala, que usava um tabardo com o pássaro dourado num tecido púrpura, a taurena me chamou a atenção por usar um tabardo que combinava com seu tom, o fundo de um tecido claro como a sua pelagem trazia um desenho que se parecia com uma grande lua entre dois lobos.


Pedi licença ao interromper o caminhar da taurena. Ela se virou pra mim e soube naquela hora que era Mavis, mas era melhor perguntar, né?


“Sim, minha querida... Sou eu mesma.” Respondeu-me Mavis.


E eu que estava tão confiante de que estava seguindo o caminho que a Mãe Terra havia planejado, simplesmente não sabia mais se aquilo estava certo, fiquei sem graça e com tanta vergonha, que desejei um buraco abrisse no meio da terra para eu me esconder, mas achei que seria melhor me apresentar mesmo...


Contei a Mavis quem eu era, de onde vinha e como conheci Thuatala e que a taurena havia me dito que arranjaria um encontro com a sacerdotisa Mavis. Expliquei que havia acabado de chegar à Orgrimmar e que além de perdida na cidade, eu estava perdida em meus caminhos agora como membro da Horda. Não escondi a expectativa de me juntar a Mavis e seu clã.


A taurena foi muito gentil comigo, ela sorriu ao se lembrar de Thuatala e a elogiou assim como Thuatala fez quando me contou sobre Mavis. Percebi que mesmo as vezes sendo considerados brutos, os taurens daqui sentem muito respeito uns pelos outros e se tratam com imenso carinho.


Conversando com Mavis ela me fez uma revelação: “Há certas noites, antes de repousar, ouço sussurros da Mãe Terra. An’she, em oração, me revelou que uma altamontesa me procuraria em breve, talvez seja você quem preciso orientar.”.


“Sabe Tokala, nós, Taurens de Mulgore, podemos ser diferentes em chifres, mas somos irmãos mais próximos do que pensa. Meu objetivo e responsabilidade como membra do clã Lobos Brancos é guiar taurens de Mulgore e agora... de Altamontanha também.” Mavis continuou.


Confessei à taurena o quanto eu queria conhecer esse mundo e que a primeira vez que vi um tauren estrangeiro pisar no Totem do Trovão eu soube que, apesar de meu coração pertencer à Altamontanha, meu lugar não era somente lá.


Eu estava mais do que animada para me aventurar por Azeroth, mas tinha receio de fazê-lo sozinha e sabia que uma aliança com os taurens de Kalimdor não seria apenas importante para minha sobrevivência, seria essencial para a minha alma. Eu precisava e queria essa conexão.


Enquanto eu divagava em pensamentos, Mavis me trouxe de volta para a realidade. “Sabe, Tokala, é curioso você aparecer justamente agora. Nosso Chieftain recentemente realizou uma assembleia, para permitir que abríssemos as portas do nosso fronte para os Altamonteses e Filhos da Noite e... confesso, estou bem ansiosa para conhece-la.”.


Eu quase não podia me conter de alegria e Wohali parecia desfrutar do mesmo sentimento. Ele ficava voando e dando piruetas no ar como se estivesse comemorando, mas é claro que as coisas não seriam tão fáceis assim.


Foi então que Mavis me olhou com um ar de seriedade e disse que antes de tudo seria necessário testar a minha lealdade.


Engoli em seco e encarei Wohali, que claramente parecia tão preocupado quanto eu. Não falávamos a mesma língua, mas minha águia já estava comigo há alguns anos e não precisávamos mais de palavras para nos comunicar, apenas sentíamos e trocávamos olhares.


“An’she... o Sol que a tudo ilumina e nos dá forças para vencer a escuridão me falou sobre um altamontes, porém não sei se era você.” Eu escutava as palavras de Mavis quase sem respirar e ela então conjurou uma pena dourada no chão e continuou “Toque na pena. Se você flutuar, saberei que é a taurena que An’she me alertou em sonho.”


Respirei fundo, olhei para a pena, olhei para Wohali e depois para a pena de novo. Eu já estava começando a duvidar de mim novamente, mas algo no olhar da minha águia parceira me fez acreditar... aquele era o caminho!


Andei devagar em direção a pena e com muito receio, pisei com o meu casco direito na pena dourada. Quando trouxe a perna esquerda para pisar na pena também, algo mágico, impossível e maravilhoso aconteceu. Eu comecei a levitar!


“É a benção de An’she, não há dúvidas!” comemorava Mavis. Então a taurena olhou no fundo dos meus olhos e perguntou se eu gostaria de fazer parte do clã que ela pertence, disse-me que seria uma honra.


Claro que eu corri para me ajoelhar a sua frente, fiz questão de demonstrar o quanto eu queria participar daquilo e se tinha alguém que iria ficar honrado, esse alguém seria eu. Mavis pareceu extremamente emocionada quando proclamou: “Como membro dos Lobos Brancos, o tabardo em meu peito representa mais do que o clã, representa nosso orgulho e honra, o sangue de nossos companheiros caídos, a dor de um membro é a nossa dor. Você estaria disposta a tamanha glória e tamanho peso como parte do Grande Lobo Branco?”



Eu fiquei extasiada com o convite, me tocou mais fundo do que eu achei que seria possível e só então percebi que a taurena esperava uma resposta, pois então falei: “Sim senhora Mavis, eu entendo os riscos e o peso da responsabilidade. Eu estou pronta e aceito!”


“Você, Tokala, honraria o nosso Chieftain Arghar Bolgree e o seguiria até o mais longínquo abismo se assim fosse para o bem da Guilda?” Mavis continou questionando com uma voz imponente.


“Sim, senhora Mavis, qualquer lugar que for necessário!” respondi a altura.


Wohali estava mais agitado do que antes e eu sabia que estava chegando a hora... Mavis se aproximou a passos pesados enquanto eu estava ajoelhada. Ela ergueu o cajado e então se ajoelhou na minha frente e disse sorrindo “Bem-vinda aos Lobos Brancos”.


Minha vontade foi de pular e abraçar a taurena Mavis, mas me contive e em vez disso eu comemorei com Wohali, que parecia tão feliz quanto eu. Nós havíamos conseguido. Nosso primeiro passo em uma terra distante. Nossa primeira aliança fora de Totem do Trovão. Possivelmente nossa primeira amizade em Kalimdor.


Assim que fomos aceitos no clã, Mavis me entregou um saquinho com algumas moedas e com um dispositivo bem curioso “Serve para você se comunicar com os membros do clã, onde quer que eles estejam.”. Olhei desconfiada para o objeto, mas ela me mostrou como funcionava e logo fez um anúncio pelo comunicador avisando a todos que eu havia sido recrutada para a guilda e minhas orelhas ficaram quentes de vergonha na hora... quem poderia estar escutando? O que pensariam sobre mim?


Aparentemente Mavis percebeu meu desconforto e soltou uma risada. “Venha, Tokala, vou te levar onde você irá adquirir o tabardo da guilda.” Seguimos até próximo da entrada da cidade. Mavis me apresentou uma orquisa que fabricava o tabardo. Pedi um tamanho para taurenas fêmeas, afinal, não somos muito diferentes.



O tabardo serviu perfeitamente. Embora não combine tanto com a minha pelagem como combina com a de Mavis, eu gostei bastante de como ficou e enquanto eu admirava minha nova vestimenta, a taurena me alertou “Agora, Tokala, é de suma importância que você use seu tabardo sempre, para que todos em Azeroth saibam que os Lobos Brancos correm como uma poderosa matilha!”.


Wohali soltou um assovio de aprovação e Mavis completou num sussurro “E principalmente... que nenhum membro da guilda, em especial Gal’jin ou o Chieftain se deparem com você sem tabardo, ou serão meus chifres a adornar nossa taverna.” E eu soltei uma gargalhada alta com a observação da taurena.


Minha próxima orientação seria enviar uma carta a Gal’jin, o responsável pela iniciação dos recém recrutados. Confesso que fiquei beeeem receosa sobre como escrever minha carta, mas Mavis não deu mole “Quer que eu pegue sua mão e escreva para você? Qual a dificuldade em escrever uma carta?” ela questionou.


Me recompus e o fiz o que fora ordenado, tentei ser cordial e passar uma boa impressão de mim. Mavis se mostrou extremamente receptiva à uma taurena de altamontanha, mas não saberia dizer como todos iriam reagir, mesmo com a declaração do Chieftain.


Quando estava colocando a carta na caixinha, recebemos um comunicado pelo dispositivo da guilda. Era Buulba me saldando pelo recrutamento. Ele nos encontrou na porta da casa de leilões (Sim, eles tem uma casa de leilão!), recebi umas bolsas de presente dele, que eram bem mais espaçosas que as que eu possuía.


Estava imensamente contente por ter encontrado um lugar para mim no coração da Horda e já até havia me esquecido do nervoso que passei momentos antes, quando Mavis falou “Ah Buulba, você precisava ter visto, a menina estava com medo de escrever a carta para Gal’jin isso porque eu ainda nem disse que ele tem uma trança para cada membro que falhou na iniciação.”.


Meus olhos arregalaram-se imediatamente imaginando dezenas de tranças numa cabeça que eu nem conhecia ainda e quando olhei para o lado, Buulba estava no chão rolando de rir. Acabei tendo que rir também, mas a verdade é que foi de nervoso.


Agradeci imensamente toda a experiência e me despedi de Mavis e do grande tauren de pelagem negra. O dia havia sido cheio e eu e Wohali precisávamos descansar.


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