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Diário de Tokala - Portões da Morte (I)

  • Clarinha
  • 21 de mar. de 2018
  • 5 min de leitura

O local indicado por Thork não ficava muito longe da Encruzilhada. Seguimos para oeste e algum tempo depois já avistava o forte de onde deveria receber as próximas instruções.


O orc que me esperava parecia aflito e mal me cumprimentou quando cheguei... hoje seria um dia complicado aparentemente. Informei que havia sido enviada por Thork e que estava lá para ajudar no que fosse necessário.


O orc, Regthar o nome, pareceu um pouco mais aliviado, mas só um pouquinho, mas disse (mais pra ele mesmo do que pra mim) que se Thork havia me mandado lá, alguma coisa eu deveria saber fazer, afinal.


Bom... logo de cara, percebi que a região estava sofrendo ataques de centauros. “Você conhece centauros, garota? Já enfrentou algum? Já derrotou algum?” o orc me questionou quase como um interrogatório. Contei brevemente que havia investigado dois oásis e que enfrentar centauros não era um problema para mim (tá eu confesso que dei um sorrisinho convencido para ele).


Para minha frustração, meu sorriso não cativou Regthar, mas mesmo assim, eu era a única lá, né? Ele precisava da minha ajuda. Então ele me disse que o líder dos Kolkar estava pela redondeza, alias... havia um outro oásis ali perto, ao sul, onde batedores informaram terem avistado o líder Herzul Marca de Sangue.


“Ele é feroz, brutal e astuto. Sua derrota abalaria os Kolkar, reduzindo a ameaça que ele eles representam.” disse o orc. Enfim, eu precisava entrar no oásis, enfrentar os centauros que encontrasse pelo caminho e ainda estar viva para matar o líder e trazer a cabeça dele para que o orc exibisse como troféu.


E não era só isso, deveria trazer as braçadeiras de todos os centauros que eu matasse no caminho. Ahhhh simples (só que não).


Eu não tinha percebido a cara que estava fazendo enquanto ouvia as instruções até que o orc disse: “Sumiu o sorriso, é?”. É... tentei forçar um novo, mas diante da gargalhada de Regthar, teria sido melhor apenas ter saído.


Enfim... juntei o que restava do meu orgulho e segui para a missão. Mandei Wohali sobrevoar a área e nos avisar caso alguma ameaça estivesse vindo por trás ou qualquer coisa que não estivéssemos vendo, enquanto eu e Echeyaki enfrentávamos os centauros em terra.



Os centauros são páreo duro mesmo, mas eu não sou qualquer uma, eu sou uma taurena de Altamontanha e se eles são brutos, eu posso ser muito mais. Sou alta e grande também, mas como uma boa caçadora, eu sei me camuflar e me mover em silêncio quando necessário.


Aquelas criaturas estavam tão convencidas e acomodadas no meio da vegetação que nem se deram ao trabalho de se preocupar com algum invasor. Os primeiros centauros foram abatidos fácil e silenciosamente, mas o quinto estava acompanhado e não havia percebido o outro centauro atrás da árvore.


Quando seu companheiro caiu inerte no chão com uma flecha na testa, ele gritou algo que eu interpretei como sendo algo próximo de um grito de guerra e correu em minha direção. Echeyaki pulou no seu pescoço e eu finalizei com uma flecha, mas já era tarde demais.


Wohali guinchou do alto do céu azul e quando me virei, avistei um centauro claramente maior que os outros avançando com uma lança na mão, escoltado por mais dois. “Quem diria que nem precisaríamos procurar por Herzul!” eu disse para o meu felino enquanto ele fincava as garras no chão se preparando para pegar impulso.


Enquanto Herzul corria para mim gritando e empunhando sua lança, algo dentro de mim se acendeu, e mais natural do que poderia ter acontecido, simplesmente saiu do meu peito um brado em resposta: “Pela Hordaaaaa!”.


Atirei uma armadilha em um dos seguidores, enquanto o meu leão pulava no segundo. Guardei meu arco e saquei a lança. “Pode vir, centauro imundo!” eu provoquei.



Desviei do primeiro golpe abaixando facilmente enquanto ele passava pela minha direita, deixando o lado do corpo totalmente exposto. Erro de principiante. Não foi difícil fincar a ponta afiada da minha arma na sua pata traseira. Ele continuou correndo e mancando enquanto gritava, eu aproveitei para sacar o arco e atirar nas suas costelas enquanto ele derrapava tentando virar para mim novamente.


Assim que ele virou e voltou a me encarar, eu pude ver o ódio em seus olhos. Estava ajustando a segunda flecha para atirar, quando ouvi Echeyaki ganindo de dor. Arrisquei olhar para trás e outro centauro havia se livrado da armadilha e estava segurando o felino pela juba. Não hesitei e atirei a flecha bem na têmpora do centauro, que soltou imediatamente o animal e caiu morto no chão.


Eu sabia que nunca se deve virar de costas para o seu inimigo, mas não poderia ter arriscado perder um amigo que acabara de conquistar. Assim que voltei meus olhos para Herzul ele já estava do meu lado e quase não consegui desviar do golpe fazendo um rasgo no meu tórax do lado direito.


Aproveitei para pegar a lança que ainda estava fincada em sua perna e ele gritou de dor quando eu o fiz. Mas aí eu olhei para o local do corte e surtei “VOCÊ RASGOU O TABARDO QUE EU ACABEI DE COMPRAR! VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE É ISSO? JÁ PENSOU SE GAL’JIN ME VÊ DE TABARDO RASGADO??? ELE ME MATA E VEM AQUI TE RESSUSSITAR PRA MATAR DE NOVO, SEU ANIMAL!”.


Ele pareceu meio incrédulo com o motivo da minha reclamação. Não foi a intenção, mas serviu para distraí-lo enquanto Echeyaki mordia a pata dianteira dele. Quando Herzul percebeu o que estava acontecendo e voltou sua atenção para o leão, foi o segundo que eu precisei para atravessar o pescoço do centauro com a minha lança. A cabeça rolou no chão antes do corpo perceber que havia morrido.


Voltei ao forte com a cabeça de Herzul e as braçadeiras de seus subordinados. Nem preciso dizer que Regthar ficou meio impressionado e ainda tirou sarro de mim: “Da última vez que te vi esse tabardo era branco.” disse rindo apontando para a mancha vermelha envolta do rasgo.


“Venha garota, vamos comer, já passou da horda do almoço. Você fez um bom trabalho. Precisa descansar e costurar esse rasgo aí.” disse o orc enquanto me guiava para dentro.


O forte já não era grande, para um tauren então... eu quase precisava abaixar a cabeça para entrar, mas tinham paredes de pedra e era o único abrigo em quilômetros. Jantamos e logo depois fui examinar meu machucado.


Além do talho que o Herzul fez, tinham alguns outros cortes, mas nada muito sério... e nada que FOSSE NO TABARDO. Eu estava realmente mais preocupada com o manto branco e agora vermelho do que com o machucado em si.


Tirei o tabardo com cuidado e depois tirei minha veste de couro e malha (que para o meu azar é branca também). Examinei o corte bem abaixo do meu sutiã, pelo menos isso não tinha rasgado né?


Limpei o corte com água e percebi que ele era um pouco mais fundo do que eu havia pensado, mas não era nada tão grave. Eu havia colhido algumas ervas no caminho de volta. Perguntei ao orc se elas eram boas para isso e ainda bem que eu o fiz. “Hum... essa e essa aqui são boas, pode usar, mas essa outra... joga isso fora, a menos que você queira ficar desacordada por uns dois dias.” o orc disse enquanto apontava para as ervas na mesa.


Costurei o corte, apliquei a pasta de ervas sobre ele e fiz um curativo. Tentei lavar minha veste e tabardo, mas sem sucesso. Ambos ficaram com uma mancha rosa, além do rasgo óbvio delatando o que havia ocorrido.


Passei a tarde esperando a roupa secar, o que não demorou muito, tendo em vista o clima quente da região e assim que Mu’sha reinou no céu, eu adormeci.

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