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O Passado de Zuwee - Parte II

  • Clarinha
  • 24 de mar. de 2018
  • 3 min de leitura

<---AVISO: LEITURA NÃO INDICADA PARA MENORES DE 16 ANOS--->


A aldeia não possuía guerreiros de qualquer espécie, nada que pudesse oferecer à Horda. Não tinham profissões rentáveis. O pouco que produziam era trocado com Sen’jin por pura pena do chefe daquela vila e Zuwee não queria viver de pena... queria ser forte.


Uns três dias se passaram e a aldeia acordou sob um céu cinza. “Parece que vai chover.” alguém disse. Zuwee havia acordado inquieta, tivera um sonho terrível, mas sabia que a sensação estranha logo passaria.


Acontece que... não passou, e em vez disso, foi piorando com o passar das horas. O céu continuava cinza, mas um cinza estranho, um cinza ruim. A trolesa se esforçou ao máximo para ignorar aquela angústia dentro do peito e resolveu sair para tentar pescar, de novo.


Dessa vez nada aconteceu e ela só ficou lá na canoa, deitada meditando e pensando na sua vida. Era tão jovem ainda, tinha cerca de 15 anos e já se sentia tão frustrada, tão inútil e tão presa. Ela queria ir para outro lugar, queria conhecer outros xamãs e aprender com eles, mas tinha uma única coisa que prendia Zuwee àquela vila: seu irmãozinho.


A trolesa não queria deixa-lo sozinho naquele lugar, tinha medo que ele se tornasse igual aos outros, sem sonhos ou ambições, sem um propósito na vida, tendo que viver de favor dos outros. Bom... ela chegou a conclusão de que precisava treinar, nem que fosse sozinha. Se ficasse mais forte, poderia sair da vila e levar seu irmão junto.


Zuwee começou a remar de volta para a praia. Sem peixes novamente, mas decidida. Caminhou tranquilamente de volta à vila, tão perdida em seus próprios pensamentos, que nem percebeu que estava pisando em sangue.


A trolesa então olhou para seus pés e depois olhou para frente e viu seu irmãozinho sendo segurado por um orc. O pequeno só teve tempo de gritar “Fuja, Zuwee! Fuja!” antes do orc decapita-lo.


Zuwee congelou onde estava, paralisada. Em sua cabeça, mil pensamentos colidiam-se uns com os outros e parecia que uma eternidade passou enquanto, na verdade, apenas alguns segundo foram necessários para ela se dar conta de que precisava fugir.


A jovem virou-se para trás, preparando-se para correr quando um outro orc se colocou no seu caminho.


- Não corra, princesa, vamos nos divertir um pouco. – o orc disse com uma voz grave que quase fez Zuwee vomitar.


Levou menos tempo ainda para a jovem perceber o que estava prestes a acontecer. Ela fechou os olhos enquanto uma lágrima escorria, não sabia se pelo irmão que acabava de ser brutalmente assassinado ou se pelo que a esperava enquanto o orc a arrastava para dentro de uma cabana qualquer.


Ela rezou, coisa que nunca antes havia feito, rezou para que não estivesse em seu corpo quando acontecesse... e não ousou abrir os olhos enquanto acontecia.


Quanto tempo havia se passado? Segundos? Minutos? Horas? Talvez uma vida inteira? Zuwee não saberia dizer, mas havia acabado.


- Achei que você me daria trabalho, garota, não teve nem graça. – disse o orc com desprezo enquanto ajustava a armadura.


E Zuwee soube naquele momento, que precisava olhar a cara dele, precisava marcar em sua memória cada vinco, cada pelo, cada cicatriz pra nunca mais esquecer.


Ela então abriu os olhos e se deparou com um orc velho, nojento, tinha barbas brancas, um cheiro que lhe dava ânsia, mas o que mais a abalou, o que a destruiu por dentro, foi ver as armaduras típicas dos kor'kron e um tabardo inconfundível com o símbolo da Horda a encarando bem no centro do manto.



Aquilo foi como uma facada final no coração da jovem trolesa, ela não aguentou assimilar tudo que aquilo significava e a única coisa que conseguiu fazer foi virar para o lado enquanto colocava pra fora todo o seu café-da-manhã.


O orc olhou para ela, soltou uma gargalhada e depois saiu da cabana como se nada tivesse acontecido. De fato, nada fora do comum havia acontecido para ele, já com Zuwee...


A trolesa ficou abaixada, sentada no próprio sangue, se moveu apenas para abraçar suas pernas e encostar a cabeça nos joelhos e ficou assim até o cair da noite.


Continua...

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