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Diário de Tokala - Plumas e Sangue

  • Clarinha
  • 29 de mar. de 2018
  • 4 min de leitura

Chegando no forte, fui logo questionar Darsok sobre como poderíamos ser úteis. Harpias... esse era o problema naquela região e eu secretamente agradeci por não serem mais centauros, chega de centauros para mim, já tive minha cota dessas criaturas de quatro patas.


"Então o plano é o seguinte, você segue por aqui para o norte, vai encontrar um montão delas, é só ir matando tudo." o orc me disse enquanto eu olhava com descrença pra ele. Só isso né amigo, se é tão fácil, porque não faz você? (pensei, mas não disse.)


Eu precisava do dinheiro da recompensa e precisava ocupar meu tempo enquanto Echeyaki era cuidado. Bem... o que dizer das harpias? Essas eu conheço, já havia enfrentado em Alta Montanha, e as de Kalimdor são tão barulhentas e histéricas quanto as da minha terra.


Achei que talvez fosse cedo demais para colocar o jovem kodo em ação, afinal, ele tinha acabado de perder a mãe. Então disse-lhe para que ficasse ao meu lado e eu e Wohali daríamos conta daquelas gralhas, mas o no primeiro comando que eu dei à minha águia, o kodo resolveu obedecer também e partiu em disparada pra cima do alvo.


Assim, não quero me gabar, mas enquanto o meu kodo, que apesar de ser jovem é bem grandinho, chamava a atenção daquelas aves humanoides, cada flecha era uma harpia abatida e eu gritava feliz "Headshot!" ou aquela outra frase que ouvi uma mulher falando, como era mesmo? "Um tiro, uma morte!", não lembro quem falou isso...


Conforme íamos avançando mais para o centro do ninho, mais forte as harpias eram. Fortinhas, sim, mas não eram páreo para nós (/flex). O problema mesmo foi com a rainha delas: Serena Plumasangue.


Não foi difícil distinguir a rainha das demais, além da leve diferença na plumagem, a rainha era um pouco maior que as que as outras.


Dei o comando e minhas feras partiram pra cima da harpia. A rainha sorriu convencida e com um rápido movimento do braço atingiu Wohali com força e minha águia foi atirada para longe.


Eu me assustei com aquilo. De nós três, Wohali era, com certeza, o mais cauteloso e se ele havia sido atingido tão facilmente, eu precisaria ter o dobro de cuidado. Aquela harpia não estava de brincadeira, não.


O lado bom disso tudo é que até ela parou pra ver até onde Wohali voaria depois de ter recebido o golpe e não viu que meu mais novo amigo estava pronto para revidar. Como a harpia havia se mantido próxima ao chão em vez de voar, não foi difícil para o jovem kodo acerta-la com um balançar de cabeça bem dado.


Ser pega de surpresa lhe garantiu uma fratura no pé direito e uma promessa de morte para nós. Confesso que o olhar delas é meio assustador, mas disso eu já estava vacinada. A rainha se pôs a voar para sair do raio de alcance do meu kodo e fiquei com medo de que fosse fugir. “Só terá a recompensa se me trouxer a cabeça da rainha.” O orc havia dito.


Com a flecha enganchada e estudando os movimentos da harpia, atirei, sabia que ela tentaria desviar, mas não conseguiria e... na mosca. A flecha atingiu a asa quase embaixo da axila. Com aquela dor, ela não conseguiria voar.


Assim que ela se viu forçada a pousar, eu já estava mirando novamente, escolhi por atingir a outra asa, para ter certeza de que não tentaria voar novamente. Ela berrou de dor e meu kodo já estava correndo na sua direção novamente.


A fera deu uma abocanhada no pé quebrado da harpia e ela se defendeu com suas garras, fazendo três cortes na cabeça do animal. Sorte que ele tem aquele couro duro e nem saiu muito sangue.


Foi então que eu notei... ela estava prestando completa atenção à minha fera, era a o momento certo do golpe fatal. Prendi a respiração e estiquei a corda do arco em silêncio enquanto o kodo balançava o pé quebrado e a harpia tentava acertá-lo mais uma vez.


Mirei a cabeça e soltei a flecha, mas não aconteceu o que eu queria. A harpia levantou seu braço esquerdo e a flecha atravessou sua carne e parou antes de chegar a cabeça. Não aconteceu o que eu queria, realmente, mas como todo bom caçador, você tem que estar preparado para um plano B.


Meu plano B era... fazer exatamente a mesma coisa, de novo. Comecei a caminhar em direção a harpia, posicionei a segunda flecha e mirei a cabeça. Atirei a rainha repetiu o mesmo movimento, como eu sabia que faria. O que ela não contava, era que eu estava mais perto, tinha esticado mais a corda do arco.


A flecha atravessou seu braço e dessa vez, chegou com força suficiente para penetrar a cabeça e a rainha Serena caiu no chão sem vida enquanto eu ouvi o familiar guinchado de Wohali não muito longe.


Minha águia pousou numa pedra perto de mim e chacoalhava a cabeça como que para afastar a tontura e eu ri alto. “Ela te pegou de jeito mesmo” disse para Wohali e ele pareceu não gostar do comentário e nem da risada, o que só me fez rir mais ainda.


Voltamos nós quatro, o jovem e exultante kodo, eu sorridente, Wohali emburrado e a cabeça de Serena, que não quis emitir qualquer opinião. Entreguei tudo ao orc, conforme me fora pedido, recebi meu pagamento e me despedi.


“Mas não é seguro viajar a noite” ele me disse. Eu respondi que sabia disso, mas que precisava voltar à Encruzilhada o quanto antes e confia nos meus instintos e nos meus companheiros para chegar sã e salva. E preciso dizer... foi a melhor coisa que eu fiz, o céu dos Sertões a noite é ainda mais maravilhoso do que de dia.


Segui ao sul, acompanhando a enorme cicatriz que dividia os sertões e então voltei a caminhar para o leste. Cheguei no acampamento sem nenhum problema, havia sido mais fácil do que eu previra. Todos estavam dormindo, apenas guardas estavam de prontidão.


Resolvi descansar também e no dia seguinte procuraria pelo druida.


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