Diário de Tokala - Noite de Folga
- Clarinha
- 20 de abr. de 2018
- 6 min de leitura
Depois daquele dia precisei dar uma pausa nas missões na Desolação e fui até Orgrimmar repor meus suprimentos e me dar um dia de folga. Estive trabalhando tão duro nas últimas semanas que achei que um dia de descanso era mais do que merecido.
Estava no Vale da Força e logo avistei uma taverna. "Acho que vou parar para comer e tomar alguma coisa, vai ser bom." pensei comigo. Pois bem, entrei e não demorou muito para me enturmar, estava sentada numa mesa com uma orquisa e um tauren, que se apresentou como Gamon.
Ele estava nos contando histórias sobre quando Garrosh ficou meio louco e até membros da Aliança se uniram para invadir Orgrimmar e derrota-lo. Gamon fez questão de enfatizar o quanto aquilo não teria sido possível sem ele e como ele foi fundamental para derrotar Nazgrim, o general na época.
Eu estava bem entretida com a conversa quando escuto um pigarro ao meu lado. Achei que fosse a garçonete que não quis interromper o emocionado discurso do tauren, mas então viro a cabeça e lá estava Caaesh. "Senhor Caaesh! quanto tempo!" eu o cumprimentei animada e o convidei a sentar com a gente.
Percebi que Caaesh as vezes dava uma leve revirada de olhos quando Gamon repetia que havia salvado Orgrimmar e a Horda, e perguntei discretamente se não tinha sido isso que aconteceu. Ele simplesmente sussurrou que a coisa não tinha sido bem assim e que na verdade foram eles que salvaram Gamon. Pelo que entendi ele estava preso numa árvore ou algo assim.
Enfim, estávamos lá conversando quando Caaesh mencionou que o bar estava meio caído, sem movimento. Falou que deveriam estar todos em Negraluna e eu automaticamente fiz uma cara de confusão. Questionei o que seria Negraluna e o elfo me explicou que era uma feira que acontecia uma vez por mês. "Você gostaria de conhecer?" ele perguntou e eu aceitei prontamente.
Caaesh me nos conduziu em seu foguete até o local onde fica o ponto de voo para falarmos com uma moça de roupa verde e chapéu pontudo, e ela nos teleportou para Mulgore. "A feira fica em Mulgore?" pensei comigo, mas lá estava apenas o portal que levava para a feira, não sei bem se alguém sabe onde é exatamente no mundo que a feira fica. Achei tudo muito misterioso e excitante.
Para chegar no portal, no entanto, tive que me abaixar, pois haviam dois homens jogando tochas de fogo entre eles e cheguei a conclusão de que essa feira poderia ser potencialmente perigosa se aquilo fosse uma demonstração do que eu encontraria do outro lado, mas o que eu vi quando cheguei me tirou o fôlego.

Lá do alto era possível ouvir os gritos animados, as risadas e a música contagiantes. A feira por si só parecia trabalhar como um organismo vivo para entreter as pessoas, ela pulsava alegria, divertimento e exalava cheiros maravilhosos de comida e bebida. Fiquei muito ansiosa para descobrir o que se escondia lá.
Descemos o morro e Caaesh perguntou o que eu gostaria de fazer primeiro, mas eu estava tão hipnotizada pelas cores e possibilidades que a feira apresentava, que não sabia nem o que pensar. Ele me levou então ao carrossel e lá foi a nossa primeira aventura. Era simplesmente escolher um bichinho de madeira, sentar e rodar, mas eu ria como uma criança realizada.
Saí do brinquedo tropeçando nas minhas pernas e o pobre elfo teve que me ajudar a ficar de pé. Ele então perguntou se eu gostaria de ser arremessada por um canhão e eu ri com a possibilidade de ter um brinquedo tão maluco assim. Quem iria querer ser arremessado por um canhão? Eu, com certeza! Mas antes eu queria andar até o fim da feira para ver tudo o que tinha.
No caminho até o final da feira eu avistei um gnomo empurrando um carrinho cheio de balões, vibrei realizada e Caaesh riu da minha reação, perguntando se eu gostaria de um balão. Meus olhos brilharam instantaneamente. Ele se aproximou do vendedor e comprou dois, um para ele e o outro para mim... e lá ia eu, segurando meu balãozinho verde feliz da vida.
A feira era cercada pelo mar. É uma pequena ilha que só a Mãe Terra deve saber onde fica. Andamos até o final e a ideia de estar cercada por água de todos os lados me deixava um pouco agoniada. Vimos algumas pessoas pescando e eu vi uma estrutura estranha na água. Era um círculo de madeira, com setas vermelhas indicando o centro e perguntei a Caaesh do que se tratava.
"Oras... é o objetivo da brincadeira com o canhão. Você é arremessado e tem que cair no círculo dentro da água." Eu engoli em seco na mesma hora. "Então quer dizer que todo mundo que for atirado pelo canhão vai cair na água?" perguntei para ter certeza. "Isso mesmo. Parece divertido, né? Então o que me diz? Vamos?" Ele estava genuinamente animado, mas eu fiquei apavorada e o canhão foi de brinquedo incrível à uma declarada ameaça de morte. Precisava me tirar daquela situação e rápido.
Olhei para trás e vi um mini zoológico com váaaaaaarios animais que nunca havia visto. Aquilo iluminou meus olhos com a possibilidade de salvação e convenci Caaesh de que aquilo era muito mais legal que um canhão. A verdade é que ele pareceu perceber que a água me deixava desconfortável, mas não perguntou nada, ainda bem.
Nem preciso dizer que amei cada um dos animais. Eram todos tão lindos e acho até que o elfo me achou meio infantil, porque eu suspirava para todos eles. Enquanto íamos passando, Caaesh pacientemente me explicava um pouco sobre cada um deles.
Terminamos de visitar o zoo e passamos por uma curiosa criatura que o elfo disse ser da espécie dos "gnolls". Dizia que ela lia a sorte das pessoas (eu havia julgado que era um macho, mas Caaesh a chamou de senhora, vai saber né?). Adorei a ideia e fui lá tentar a minha. Ela fez umas perguntas estranhas sobre como reagiria a tais situações e meu coração mole sempre perdoava todos (sinto que preciso melhorar isso em mim). No final ela me deu um papel que estava escrito algo sobre aprender mais quando se ensina, ou algo assim.
O de Caaesh pareceu melhor, dizia que ele iria receber uma grande fortuna (inveja). Nós rimos juntos quando eu disse que não tinha certeza se a senhora sabia o que estava fazendo.
Um anúncio soou nos auto-falantes avisando que o show estava prestes a começar e Caaesh virou para mim com um sorriso perguntando se eu gostaria de assistir. Àquela altura, qualquer coisa que não envolvesse água estava nos meus planos. Respondi animada que adoraria e fomos para o show.
Nem preciso dizer que eu A-M-E-I! O show foi incrível e eles tinham até um baterista tauren bem gatinho (aiii, não acredito que escrevi isso). Ahhh e no dia seguinte recebi essa S.E.L.F.I.E que Caaesh tirou de nós no show! Ficou tão legal!

Depois do show arrumamos um brinquedo que era bem a nossa cara: "Tiro ao Alvo!". Rimos muito. Eu ganhei, mas tenho certeza que foi porque Caaesh deixou. Ele é bem mais experiente, me disse até que tinha mais de 80 anos. É difícil acreditar que aquela criaturinha fofa tem quatro vezes a minha idade.
Por fim ele me levou num outro tipo de brinquedo. A orquisa que organizava a entrada nos entregou duas marretas e o objetivo era acertar os gnolls que aparecessem nos tubos, "mas não acertem as menininhas" ela nos avisou. Olhamos um para a cara do outro e saímos correndo em direção aos gnolls! Dessa vez eu ganhei de verdade, mas é porque minhas pernas e braços são maiores, logo, eu alcanço os alvos mais rápido e deu pra ver que Caaesh suou para me acompanhar.
Estava ficando bem tarde eu eu soltei um bocejo involuntário. Caaesh então sugeriu que terminássemos a noite com um doce. E que doce foi aquele! Ele comprou um enorme bolo de chocolate. Ele comeu apenas um pedaço e foi logo dizendo que estava cheio, e eu (desavergonhadamente) comi todo o resto.
Fomos embora e, durante todo o trajeto, eu agradecia pela noite incrível . Foi uma das melhores aventuras que eu tive desde que cheguei a Kalimdor e eu havia me divertido como há muito não fazia. É bom fazer amigos e achei que ia demorar para ter alguns por aqui, mas a verdade é que as coisas estão saindo melhores do que eu esperava.
Caaesh me deixou na porta da estalagem no Vale da Sabedoria em Orgrimmar e se despediu. Notei uma cara meio triste. Aliás, eventualmente ele fazia uma cara meio triste durante o nosso programa. Eu perguntava se estava tudo bem, mas ele logo mudava para o sorriso contagiante e afirmava que não era nada. De fato espero que não seja, porque se um amigo precisa de ajuda, espero que ele saiba que pode contar comigo.
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