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Meia-noite

  • Clarinha
  • 29 de mai. de 2018
  • 2 min de leitura

Era noite. A chuva caia forte e impiedosa enquanto eu olhava para o que um dia foi a nossa tão imponente cidade. De que adiantava portões tão altos e grossos se o inimigo veio pelo mar? O vento soprava alto enquanto eu espreitava de cima do telhado avaliando com desprezo aqueles ali embaixo.


Uivei para a lua acima e os renegados no pátio procuraram a fonte do ruído assustados. Pousei silenciosamente atrás de um deles e o degolei com facilidade. Sangue podre e coagulado espirrou para todo lado, marcando meu rosto com uma faixa daquela gosma preta, enquanto o corpo atingia o chão.


Por mais nojento que possa parecer, eu aproveitei o aspecto grotesco e sinistro que deveria aparentar e rosnei para os outros dois mortos-vivos.


Um se preocupou em se armar, enquanto o outro ficou estático me encarando. Reparei, então, que ele não tinha mandíbula... Como era permitido à essas criaturas viverem, ainda que fosse apenas meia vida?


“Vocês são repugnantes.” Falei com asco. “Considere isso um presente para as suas almas condenadas.” completei entre dentes enquanto fincava a adaga na barriga daquele renegado nojento e subia a lamina num movimento rápido e preciso até a sua garganta.


Ele caiu para trás com um baque surdo no chão. Eu, que estava levemente curvada para frente, virei o tronco para a direita encarando agora o terceiro e último amaldiçoado.


Amaldiçoado... hum... que ironia. Isso nós dois éramos, “mas eu me dei melhor do que você.” eu disse enquanto sorria com a confusão que se formava no seu rosto e desapareci da frente dele.


“Me enfrente cara a cara!” ele demandou e eu ri entre as sombras.


“Onde está a sua honra?” ele falou novamente e dessa vez eu gargalhei. Um renegado falando de honra, que bonitinho.


“Para o seu azar, eu não tenho nenhuma.” Respondi num sussurro atrás dele enquanto perfurava sua carne podre.


Muito fácil, foi tudo muito fácil. Três renegados no chão, duas lâminas sujas, uma lua brilhante e nenhum sentimento, nem mesmo honra... mas confesso que gosto da sonoridade da palavra.


“Ali! Está ali, corram!” ouvi uma patrulheira sombria comandar um bando de renegados que se moviam na minha direção. Eram muitos para eu enfrentar, calculei as probabilidades e percebi que seria muito trabalho. Era melhor terminar pela noite.


Sumi antes que pudessem chegar perto e já estava correndo pelos telhados de Guilnéas novamente. Estava na hora de ir embora, e dessa vez, pra sempre.


Quando já estava fora de alcance voltei para a minha forma humana. Eu adorava o poder que minha forma de worgen me proporcionava, mas ainda não conseguia me sentir a vontade daquele jeito.


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