Contraproposta
- Clarinha
- 30 de mai. de 2018
- 2 min de leitura
“Então... será feito?” o velho me perguntou com um sorrio amarelo sem graça no rosto, enquanto segurava uma taça de vinho nervosamente.
“Veja... desde que eu receba meu pagamento adiantado, considere feito!” eu lhe respondi enquanto avaliava o saquinho de moedas douradas que ele havia me entregado e em seguida sorrindo com satisfação.
“Deixe-me apenas ver se entendi direito” falei ronronando. “Eu só tenho que matar ela. Rápido e limpo. Sem deixar marcas ou pistas, correto?”
Ele acenou de forma positiva e claramente ansioso e feliz em se ver livre da mulher que passou a julgar como um estorvo em sua vida.
“E por que é que você me contratou mesmo?” Perguntei curiosa.
“Ela era minha amante e agora diz que está grávida de um filho meu. Ficou ameaçando contar para minha esposa e arruinar minha reputação.” Ele falava meio sem saber se deveria me contar ou não, enquanto ria de nervoso.
Então lhe sorri de forma complacente, fingindo entender seus motivos e concordar que aquela mulher realmente deveria ser morta.
A verdade é que eu sequer me importava se aquilo era um bom motivo ou não para querer alguém morto. Eu era apenas curiosa e, desde que me pagassem bem, eu faria aquilo pelo qual fui contratada. E... bem... desde que não arriscasse minha vida.
Eu tenho muita curiosidade pelos sentimentos das pessoas e gosto de observar como elas lidam com aquilo. Eu não sinto nada e é por isso que gosto de perguntar a razão pela qual me pedem para fazer as coisas que geralmente não tem coragem de fazer eles mesmos.
“E sua esposa, não está por aqui?” perguntei apenas para ter certeza, mas é claro que eu já havia checado o lugar antes de me deixar ser vista.
“Com essa mulher fazendo ameaças? Eu a mandei para a cidade com a desculpa de que precisava comprar mais roupas... não poderia correr o risco dela descobrir, né?” o velho respondeu e eu sorri concordando.
“Claro que não.” respondi num sussurro enquanto me aproximava caminhando de forma sedutora e discretamente sacando as adagas. Uma foi direto na barriga.
“Ah! Me desculpe... Seria uma pena se a sua amante já tivesse me contratado e por mais dinheiro do que você... Digamos que eu te dei a chance de fazer uma contraproposta e virar o jogo, mas você foi tão mesquinho.” Eu falei fazendo um biquinho triste.
Ele gemeu enquanto sangue saia pela sua boca e aproveitei para fincar a segunda adaga no específico lugar onde minha cliente havia requisitado. “Ela me pagou a mais por isso também, e você sabe, né? Negócios são negócios, não é nada pessoal.”
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